6/23/2008

Deserto Criativo

Parece incrível, mas estou sem ânimo para escrever. Idéias não faltam. O que falta é tesão.

Comentar política americana ou brasileira não dá. Muito árido.

Comentar sobre os contratos de cooperação entre o FBI e a Polícia Federal ou entre a Receita Nacional e o IRS, realmente não tenho dados suficientes, ainda, para isso.

Memórias? Teria que entrar em um período muito difícil da minha vida, a minha convivência infeliz com os jesuítas. Minha puberdade e adolescência foram difíceis. Meio nerd, gordo, não praticando esportes e com dificuldade de encontrar assunto para conversar com gente da minha idade, não fui exatamente popular.

Não gosto e nunca gostei de futebol. E não foi por falta de tentar. Ganhei do meu pai um título do Santos Futebol Club e uma cadeira cativa na Vila Belmiro. Assisti à estréia do Pelé no Santos. Viajei muito para assistir as partidas do Santos pelo interior de São Paulo todo. Mas, mesmo assim, acho monótono. Não vibro. Não me importo se meu time perde ou ganha. Ao contrário do meu pai que a última vez que conversou com a irmã dele, tia Carolina, ficou sentido com alguma coisa que ela disse. Ela com 90 anos e ele com 82. A família toda do papai era composta por sãopaulinos fanáticos. Com a excessão de minha avó Calu, que quando jogava o Santos contra o São Paulo, torcia pelo Santos para fazer companhia para o papai. A preferência pelo filho homem era descarada.

Vovó Calu morou na rua Pará esquina com Ceará de 1926 até morrer a 21 de outubro de 1961. Me lembro bem da data porque ela morreu no dia do aniversário do meu pai.

Quando minha tia Carolina casou com o meu tio Barretto em 1937, vovô Gordo comprou um terreno da City no bairro que eles estavam abrindo na fazenda dos jesuítas, o Pacaembu. O terreno era em frente da casa dos meus avós, na Praça Farias Brito. Das janelas da casa dela, vovó controlou a vida da filha a vida inteira. Sabia quando a empregada tinha acordado, quem estava visitando minha tia. Se os netos estavam limpos, se tinham saído, como, quando e porque.

A espionagem chegou a um ponto que minha tia fechou todas as janelas que davam para a casa da mãe. Das janelas da sala ela fez uns nichos para colocar bibelots. No quarto dela, ela pos um painel fechando a janela, abriu uma janela nova e colocou a cabeceira da cama contra o painel.
Não que isso tenha ajudado muito mas, pelo menos psicologicamente foi um jeito que minha tia arrumou para bloquear um pouco o controle.

Engraçado, parece que escrever, como comer e coçar, é só começar.

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