7/27/2008


Escrevi, 50 anos atrás, uma carta para minha prima Norma que estava nos Estados Unidos.

Na semana passada, arrumando coisas que estavam em uma mala, Norma descobriu a carta e me mandou.

O que eu conto na carta foi um encontro que eu havia tido. Esse encontro me impressionou muito na época por se tratar de quem se tratava, o então Presidente da República, Juscelino Kubistchek de Oliveira.

Mas o que me impressiona até hoje é a coragem que tinha esse nosso governante. Ele estava em um restaurante com um amigo, sem nenhum segurança, sem nenhum estardalhaço e sem nenhum medo do povo.

Comparando com os esquemas de segurança dos militares de plantão dos anos de ditadura , é de causar admiração a coragem pessoal dos políticos daquele tempo.

Me lembro de outro político da época, o governador paulista Adhemar de Barros que, durante todo o período em que se preparava o golpe político-militar de 1964, andava somente com um homem de confiança pela cidade de São Paulo, sem nunca se sentir ameaçado pelos cidadãos comuns ou mesmo pelos chamados "comunistas".

Foram necessárias as forças de segurança nacional tomarem o poder para os políticos começarem a temer a população.

Mas, mesmo que nós não saibamos porque nossos políticos possuem esquemas de segurança tão reforçados, eles sabem o que fizeram, e fazem, e do que têm medo.


transcrição da carta de um menino de 10 anos em 1958:

Rio de Janeiro, 28/7/58

Cara prima Norminha,

Hoje chegou uma carta, para tia Tatá: Beijos para todos. E eu? Mas não me importo.

Todas têm lido suas cartas (as que receberam), alto e, gostei muito.

Pelo que eu soube você está gostando muito e, me alegro com isso. Soube dos bailes, jantares, picniques e também que aí há uma piscina.

Gostei também que tudo aí tem hora: aula de risquinhos (como diz a Cecília) e outras cousas.

Pelo que diz nas cartas, o colégio é, podemos dizer uma maravilha, um sounho, uma beleza.

Hontem fui almoçar no "Bife de Ouro", lá entrou o J.K. Êle sorriu para mim e eu para êle; no fim, êle me chamou na mesa dêle, eu fui, êle mo apertou a mão e falou-me:

-"Fortinho hein?, Qual é seu nome?"

Eu respondi, êle achou muita graça no "Gordo", mas, que mau tem nisso? Nenhum.

Abraços do,

Adolphinho

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