11/03/2008

Livros, livros e mais livros

Meu nome é Adolpho e eu sou um viciado.

Sim um viciado em livros, leituras e afins.

Bem cedo na minha vida eu fui levado a esse vício incurável.

Minha própria tia-bisavó, tia Sarah Chaves de Porto Alegre, foi uma das pessoas que me apresentou a esses objetos do meu desejo insaciável.

Tia Sarah me trouxe de presente numa de suas visitas a São Paulo dois livros: um dicionário inglês-português ilustrado para crianças, publicado nos Estados Unidos, e um livro em francês, creio que era Le Balon Rouge.

Em uma outra visita me trouxe um livro do Érico Veríssimo com cinco histórias para crianças: O urso com música na barriga, As aventuras do avião vermelho e 3 outras histórias que não me lembro o nome.

Foi assim, pouco a pouco, que eu fui me viciando.

Hoje sou daqueles que se não tiver pelo menos um livro para ler não dorme e que se estiver num hotel sem livros (quase impossível) lê a Bíblia, bula de remédio, toda a literatura dos serviços do hotel, o que cair nas mãos.

Não conheço nada melhor que um livro. Quase todos os meus sentidos anseiam pelo contacto com um novo livro. O cheiro. O contacto dos meus dedos com o papel, com a encadernação. A visão do tipo empregado, da ilustração da capa, a própria paginação, o corte das páginas. O som das páginas sendo viradas. Quando os livros vinham fechados e a gente tinha que abrir as páginas com uma faquinha para poder ler era ainda mais gostoso. Bons tempos.

Depois dos primeiros livros que ganhei de presente, virei um colecionador/leitor inveterado. Li todos os contos de fadas que me cairam nas mãos. Li todas as Mil e Uma Noites.

Aprendi inglês, francês, espanhol e italiano para conseguir ler os originais. Só não consegui aprender alemão, apesar de ter cursado a Casa de Goethe em São Paulo. Odeio traduções, os tradutores que me perdoem. Eu também já traduzi livros e textos publicitários e sei como é difícil trazer o sentido exato numa tradução. Sei o que se perde nessa transformação de um imaginário para o outro.

Li todos os livros de Érico Veríssimo, de Eça de Queiroz, Machado de Assis, Júlio Ribeiro, José de Alencar, Aloisio de Azevedo entre muitos outros.

Tendo sido levado por meu amigo Baby Souza Lima e sua mãe Da. Mina a uma Feira do Livro no Conjunto Metropolitano, fiquei conhecendo Jorge Amado e sua obra literária. Meu primeiro livro do Jorge Amado era autografado pelo próprio autor. Fiquei sabendo também que existia todo um movimento de literatura que não havia chegado ainda na casa dos meus pais.

Li todos o livros de Jorge Amado, de Graciliano Ramos, de Raquel de Queiroz, de Guimarães Rosa e tantos outros.

Juntei uma excelente Brasiliana com mais de 60.000 volumes que doei para a Universidade de Miami em 1999, junto com todos os livros de literatura em português, quando mudei de Coral Gables para Nova York. O meu raciocínio era que eu não ia poder ficar mudando com todos esses livros, tirar pó e conservar direito a biblioteca, o que ia acabar estragando os livros, além dos livros que iriam se perder na mudança.

Quando fiz o curso de História na USP comecei a comprar livros de história. Tenho uma excelente biblioteca de história em 5 línguas. Tenho uma Judaica que acredito única em São Paulo.

Desde 1993, quando decidimos mudar para os Estados Unidos, comecei a ler exclusivamente em inglês. É a melhor maneira de se adquirir vocabulário em língua estrangeira.

Já estou com milhares de livros acumulados nas minhas duas casas: Coral Gables e São Paulo.

Porque tem um agravante no vício dos livros. Sou um comprador compulsivo. Sempre tenho mais livros do que consigo ler. Vai que o mundo se acaba e não editam mais, não é mesmo?

Meu pior medo é ficar sem ter um livro para ler. Bom de preferência.

Meu nome é Adolpho e eu sou um viciado em livros.

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