11/27/2008

Memórias de Maldades


Eu fui desde os dezoito anos de idade diretor de empresas. Sempre trabalhei em empresas da minha família e sempre treinei muita gente. Nós tínhamos a idéia de que o melhor funcionário era aquele que se apegava à empresa, que era treinado desde o início sem defeitos adquiridos em outros empregos. Com essa orientação sempre tivemos famílias inteiras trabalhando para nós. Um trazia um primo, o outro um filho, alguns casamentos eram feitos dentro das empresas e por assim íamos formando nossos funcionários. Temos funcionários de muitos anos de casa. Um deles, o Alceu, me conheceu menino de meus 7 ou 8 anos de idade.

Outro dia recebí um email de uma pessoa que trabalhou comigo por volta de 1979. Ele estava começando a trabalhar e seu primeiro emprego foi como ajudante da minha secretária da época, a Berenicia, uma gaúcha que era muito temida na empresa.

A Berenicia eu conheci quando fui Diretor do Banco Português do Brasil. Ela tinha começado na agência de Porto Alegre, chegou a contadora geral e foi transferida para São Paulo. Ela foi quem me ensinou muito sobre o funcionamento de bancos e me ajudou muito no setor de criação de novos serviços e novos impressos. Sempre contei muito com a Berê e ela me ajudou muito durante o meu divórcio, me ajudando com meus filhos, dos quais eu tinha a guarda.

Mas voltando ao assunto dessa postagem. Esse meu ex-colega, que era primo da secretária de meu pai, a Maria Thereza e do funcionário do pessoal, o Chiquinho, começou lá conosco. Logo no começo a Berê mandou que ele pegasse a minha assinatura em um cheque para depósito. Ele chegou na minha sala e disse que a Da. Berenicia tinha pedido para eu "adoçar" o cheque. Eu perguntei - "o que?" e ele repetiu: "A Da. Berenicia pediu para o senhor 'adoçar' esse cheque". Eu me segurei para não rir e muito sériamente peguei um açucareiro que estava em cima da mesa, pus uma colher de açúcar em cima do cheque e mandei de volta, sem dar o menor sorriso.

Eu sei que foi maldade, mas garanto que ele nunca mais esqueceu a diferença entre endossar e adoçar um cheque.

Se você ficou ofendido eu peço desculpas públicas. Mas que foi divertido foi, você não acha?



Nota: Não coloquei o seu nome porque não sabia se você iria gostar. Mas quero agradecer muito você ter me lembrado desse acontecimento. Veio encaixar direitinho nas minhas memórias e me deu a oportunidade de falar de um período muito importante da minha vida que eu ainda não tinha tido coragem de revisitar. A.

foto por Armando Prado

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