Nasci em São Paulo, Brasil, no dia 23 de dezembro de 1947. Sou vizinho do Natal e, por isso, sempre ganhei apenas um presente pelo meu aniversário e pelo Natal, mesmo que afirmassem que esse seria melhor, mais caro, etc.
A partir do Natal de 1955 minha mãe passou a fazer uma ceia para todos os parentes (e eram muitos) no dia do meu anivesário. Nessas festas mamãe dava um presente para cada um dos convidados.É claro que todos os convidados me traziam presentes, mas, sendo assim, não era mais o MEU dia de aniversário, era um pré- Natal.
Então, além de só receber um presente dos parentes mais próximos, eu passava a ser mais um dos presenteados, o que me fazia sentir enganado, preterido.
Mamãe nunca entendeu o que eu sentia e deu suas ceias até dezembro do ano passado.
Eu, depois de muito reclamar, passei a viajar na época das festas de fim-de-ano. Mesmo assim a norma era se fazer a ceia no dia 23, estivesse eu presente ou não. Para mim era a festa de Santo Adolpho, como eu chamava e minha mãe ria sem nunca ter entendido muito o porque do apelido.
Esse ano vai ser meu primeiro aniversário sem meu pai e minha mãe. O meu medo é querer agora ter tido a paciência de freqüentar as ceias de Santo Adolpho.
Mas agora é tarde.