Ao assistir o filme Tropa de Elite um pensamento me veio a mente: Qui bono? A quem beneficia?
Um filme bem feito, uma histórinha com começo, meio e fim. Mas eu não acredito mais em contos de fada. Acreditar que todo um batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro é completamente honesto, incorruptível e só combate a corrupção dentro da Polícia Militar, sem ao menos se apropriar de parte desse dinheiro da droga, eu não acredito.
Pode ser que seja uma tropa muito bem treinada, que por sua truculência consegue algum resultado na guerra suja que assistimos nos últimos anos nos morros cariocas. Mas mais do isso é conto da carochinha.
Bem que eu gostaria de ainda poder me enganar, de poder acreditar que o que nós estamos vendo não é uma peça muito bem feita de RP. Mas depois de ver tanto anúncio de fim da corrupção ou de um combate ferrenho à ela, quando na verdade sempre se tratava de uma troca de guarda simplesmente, da substituição de uma quadrilha por outra, fiquei cético.
A aliança da direita militar com o crime organizado no Rio da Janeiro, seguida de dois mandatos como governador de Leonel Brizola e conseqüente falência do Estado do Rio, levou à perda total do controle do crime, dos morros e da própria cidade. O número de mortos na guerra suja que se instalou na Cidade Maravilhosa, que ultrapassa qualquer estatística das guerras mais recentes que os Estado Unidos se meteram, já permite dizer que o Rio de Janeiro atravessa uma Guerra Civil que só não é chamada assim por algum tipo de pudor que não consigo entender.