
A primeira vez que eu fui esquiar foi em janeiro de 1978.
O meu cunhado, o Lua, estava trabalhando no Consulado do Brasil em Dallas e o Izzy, filho dele e da Fernanda tinha acabado de nascer. Nós estávamos visitando a Fernanda e o Lua para conhecer o nenê.
Resolvemos derrepente ir ao Colorado esquiar. Conseguimos alugar uma casa em Vail e fomos os cinco para lá.
Chegamos ao aeroporto de Denver no meio de uma tempestade de neve. Alugamos um carros e fomos até Vail, com uma nevasca todo o caminho.
Eu e a Margarida nunca tínhamos esquiado e fizemos um curso de dois dias. No segundo dia já comecei a descer a montanha, primeiro com medo e depois com mais coragem, que fui adquirindo a cada descida.
Quando eu achei que já tinha aprendido, resolvi dar mais uma descida sozinho, pois a Margarida e o Lua tinham ido até uma pista mais difícil.
Pois não é que quando eu cheguei bem no meio da pista, já em grande velocidade, um grupo de velhotas resolve atravessar a pista de lado a lado, bem na minha frente. Se tivessem atravessado tudo bem. Quando elas chegaram bem no meio da pista resolveram parar e comentar alguma coisa. Eu que vinha pela pista e estava bem perto delas, passando por trás do grupo, fui surpreendido pela parada e passei pelo meio da mulherada, por cima dos esquis de algumas, e cai logo em seguida de lado.
Na hora não senti nada a não ser um pouco de raiva das indecisas. Levantei e continuei a descer a pista. Foi quando eu cheguei lá embaixo que eu percebi que alguma coisa tinha acontecido com o meu joelho. A minha perna direita não esticava mais. Ela permanecia na posição meio dobrada que se usa para esquiar. Foi lindo eu caminhando até o barzinho com uma perna bem mais curta do que a outra. Agora dor eu não sentia.
Sentei no bar, tomei vários screw-drivers e os meus companheiros nada de chegar.
Depois de pelo menos umas duas horas e deixei um recado para a Margarida e fui com o ônibus circular para o Pronto Socorro.
Para entrar no Pronto Socorro a gente tinha que tirar as botas de esquiar e deixar num canto da entrada. Eu fui atendido, tiraram radiografia, imobilizaram a minha perna com um tipo de atadura que hoje é muito comum, mas que eu não conhecia.
Quando eu já estava quase saindo chegou a Margarida toda alarmada e como todo mundo, sem as botas.
Conversamos com a médica e eu tive alta. Na hora de ir embora quadê a bota da Margarida? Tinha sumido e não houve jeito de aparecer. Ela teve que ir para casa de meias molhadas pela neve.
No dia seguinte acharam e devolveram as tais botas.
Como eu não podia mais esquiar, a baby sitter foi dispensada e eu, capenga como eu estava fiquei tomando conta do Izzy. Ainda bem que ele era um bebê bem calminho poi eu não teria como pegar ele no colo.
E nós dois passamos a semana inteira dormindo. Eu ao embalo de umas pílulas de codeina que a doutora tinha me receitado.