3/12/2009

NÓS OS BABYBOOMERS


Nós que nascemos nos anos imediatamente após a Segunda Guerra Mundial somos conhecidos como babyboomers.

Nós pertencemos à geração da esperança, do otimismo e da certeza de que a abundância estava ao nosso alcance.

Com o nosso trabalho pagamos a aposentadoria de nossos avós e de nossos pais. E que boas aposentadorias eles podiam ter, principalmente nos países do chamado "primeiro mundo".

O que nós recebemos em troca?

Vimos crescer a necessidade de colocar nossas mulheres no mercado de trabalho para nos ajudar a manter um bom nível de vida, tanto para nós quanto para nosso filhos. O mesmo nível de vida que nossos pais e avós tinham experimentado antes da guerra.

E agora que vamos nos aposentar (aqueles que ainda não o fizeram) vemos que o dinheiro que ajudamos a acumular não mais existe. Foi perdido nos desmandos dos vários governos, na corrupção, no empreguismo e na má distribuição.

O que nos sobrou vai permitir que tenhamos uma aposentadoria mediocre, principalmente se comparada com a de nossos pais.

E não vamos nem falar do serviço público de saúde.

Nos Estados Unidos milhões de babyboomers viram seus fundos de pensão serem reduzidos a nada, devido tanto à crise econômica (que promete coexistir conosco até a nossa velhice) quanto aos desmandos de administradores e ao roubo descarado de "madoffs".

Mas não basta saber que muitos de nós vamos viver na miséria, ou muito perto dela, pelo tempo que nos resta de vida.

Não, nós somos também vítimas de uma verdadeira "epidemia" de cânceres dos mais variados.

Se muitos de nossos pais sofreram e morreram com algum tipo de câncer nós, todos nós, vamos ter algum câncer. Vão escapar apenas aqueles que tiverem algum acidente ou aqueles que tiverem a "sorte" de morrer com outro tipo de doença antes que o câncer os ataque.

E isso não é surpreendente. Afinal, fomos cobaias para todos os químicos novos que foram inventados. Absorvemos substâncias cancerígenas nos corantes, preservantes, gorduras e adoçantes que foram usados em nossos alimentos e bebidas, muitas das quais, hoje, são proibidas para consumo humano.

Convivemos com todos os tipos de pesticidas e inceticidas inventados, todos (ou quase todos) cancerígenos.

Quem de nós não se lembra da latinha de Neocid? Usaram Neocid em nossos quartos, em nossos cabelos para matar piolhos, em nossos pelos púbicos para matar "chatos" e sabe-se lá onde mais.

E da bomba de inseticida? Aquela que tinha uma parte redonda na frente, aonde ficava depositado o produto e uma alavanca que se enfiava na parte de se segurar? Pois é, usavam litros e litros em nossos quartos e nas salas em que brincávamos.

E da cobrinha verde em espiral que acediam em nossos quartos? Pois é.

Todos esses produtos da indústria petroquímica são cancerosos e estão proibidos.

Isso sem se falar nos agro-químicos, herbicidas e adubos. Só para dar um exemplo, vocês se lembram do "agente laranja" que usaram na guerra do Vietnam? Pois é o herbicida que usam amplamente nas nossas lavouras (principalmente no Brasil) é o mesmo "agente laranja" com um bonito nome fantasia.

Vamos falar do cigarro? Quem de nós não fumou na juventude. Muito poucos. Fumar era uma prova de que nós já éramos adultos. Além de ser ultra charmoso. Afinal, não fumavam e muito nos filmes que nós assistíamos?

Em todos os restaurantes e bares que freqüentamos, 2/3 das pessoas fumavam. Era comum e era chique fumar.

E nos aviões então? Fícavamos 8, 10 horas trancados em um avião, sem a renovação necessária, convivendo com a nossa fumaça e a dos outros.

E quem não se lembra de cheiro de cinzeiros sujos, de estofados e cortinas impregnados pelo cheiro da fumaça dos cigarros?

Pois é. Fomos fumantes de primeira, segunda e terceira mão. Mesmo os que nunca fumaram foram submetidos à fumaça.

E os plásticos? Quantos dos plásticos que foram usados para embalar, cozinhar e consumir nossa comida não eram cancerígenos?

E vamos estranhar que somos a geração dos cancerosos?

Pois é a esperança acabou, o otimismo se consumiu e hoje temos certeza que a abundância era um mito.

Só nos resta uma esperança: que tenhamos sido bons educadores e que nossos filhos e netos tenham as condições necessárias para ultrapassar a crise e nos proporcionar um final de vida digno.

Porque no final, mesmo a solução não está mais em nossas mãos.

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