Que eu me lembre, a última vez que subi numa bicicleta foi a mais de 35 anos atrás.
Com o Fito, meu filho, então com uns 3 ou 4 anos, na garupa fiquei dando voltas no jardim da casa dos meus pais na rua Atlântica.
Preocupado com o Fito, eu iai repetindo, cuidado com os pés, deixa as pernas abertas. Tendo repetido essa frase uma centena de vezes, numa curva eu não repeti o meu "mantra". Não deu outra: o Fito enfiou o pé nos aros da roda. Eu quase morri de susto e não queria nem olhar. Mas no final o dano não foi grande. Só o susto.
Passei a minha infância no selim de uma bicicleta.
São Paulo na época era muito segura e o trânsito não muito intenso.
Eu ia quase todo dia para a casa das minhas primas Maria Helena e Bel na rua Carumbé esquina com a rua Luxemburgo. Eu tinha que atravessar a avenida Brasil e a rua Groênlandia. Mas não tinha perigo nenhum.
De lá, com os primos delas, Marquinho e Yolandinha Turnbull, que moravam na casa ao lado da delas, nós íamos passear pelo Jardim Europa.
Quando os Turnbull mudaram para o Alto de Pinheiros, numa travessa da Pedroso de Moraes, eu ia até lá pela avenida Rebouças e pela Pedroso de Moraes. E nunca levei nem um susto.
Eu ia até a Hípica Paulista no Brooklin, e passeava por São Paulo inteira.
Até um dia que, ao fazer a curva para entrar da rua João Moura na Atlântica, quase fui atropelado por um carro que estacionou por cima de mim na calçada em frente da casa da esquina.
Consegui dar um pulo para a calçada carregando a bicicleta e o motorista nem peguntou se eu estava bem.
A partir desse dia não andei mais de bicicleta na rua.
Até hoje de manhã.
Acabei de comprar uma bicicleta e estreie na rua aqui de casa.
Não esqueci como se anda. Mas perdi a confiança que eu tinha e um pouco do equilíbrio e os meus reflexos já não são o que eram.
Mas que foi divertido, foi.