11/13/2013

Joaquim na Avenida Rebouças




Minha bisavó Belita morava na Avenida Angélica, 1987. Ela vivia lá com meu bisavô Ataliba, e duas filhas, tia Candóca e tia Cy. A primeira solteirona e a segunda viúva.
Elas tinham um Chevrolet 1952 azul claro, quatro portas. Quem guiava era o Joaquim, que havia sido moleque de cocheira do meu bisavô do outro lado.

O Joaquim era casado com a Lázara, que havia sido cozinheira da minha mãe. Quando ela casou com o Joaquim mudou para a casa da Angélica, como cozinheira.

O Joaquim não perdia uma rádio-novela e comentava comigo como se eu ouvisse também.

Volta e meia nós íamos passear de carro e descíamos a Avenida Rebouças em direção aos Jardins.
Eu ia na frente com o Joaquim e minha bisavó atrás com as duas filhas.

Mais de uma vez, o Joaquim parava encostado na ilha, em frente do Hospital das Clínicas, para dar uma olhada nos pneus.

Na verdade, o que ele fazia era abrir a porta, e sentado mesmo, urinava na calçada.

As três senhoras no banco de trás, olhando firme em frente. 

Eu nunca fiquei sabendo se elas sabiam o que ele estava fazendo e, recatadas, fingiam não saber, ou se realmente achavam que ele estava dando uma olhada no pneu.

Arquivo do blog