Elas tinham um Chevrolet 1952 azul claro, quatro portas. Quem guiava era o Joaquim, que havia sido moleque de cocheira do meu bisavô do outro lado.
O Joaquim era casado com a Lázara, que havia sido cozinheira da minha
mãe. Quando ela casou com o Joaquim mudou para a casa da Angélica, como
cozinheira.
O Joaquim não perdia uma rádio-novela e comentava comigo como se eu ouvisse também.
Volta e meia nós íamos passear de carro e descíamos a Avenida Rebouças em direção aos Jardins.
Eu ia na frente com o Joaquim e minha bisavó atrás com as duas filhas.
Mais de uma vez, o Joaquim parava encostado na ilha, em frente do Hospital das Clínicas, para dar uma olhada nos pneus.
Na verdade, o que ele fazia era abrir a porta, e sentado mesmo, urinava na calçada.
As três senhoras no banco de trás, olhando firme em frente.
Eu nunca fiquei sabendo se elas sabiam o que ele estava fazendo e,
recatadas, fingiam não saber, ou se realmente achavam que ele estava
dando uma olhada no pneu.